miércoles, 5 de julio de 2017

Entrevista a Luiz Américo Lisboa Júnior- Bahia- Pesquisador-Musicólogo.



Conocí a Luiz Américo Lisboa Júnior  a través de un contacto,luego llegaron sus libros y el lenguaje a pesar de la distancia se fundieron en uno solo, quizás no hubo presencias físicas cercanas para entablar una charla de amigos,pero si un lenguaje que nos une,la pasión por la música ,la investigación cuya palabra pesquisa que también es aceptada en el idioma español pero menos usada que en Brasil, enmarca la base de todo este encuentro.
Un respeto sincero,que digo sincero,enorme me brota de solo nombrarlo,contemplar dos de sus libros firmados por él para mi,una mujer que apenas conoce pero que estamos en sintonía con esta pasión de conocer,aprender,recopilar sobre música.
Yo recomiendo todas sus obras.Recomiendo a mis paisanos que "si quieren saber más de la música primorosa de Bahía y sus orígenes hay que recurrir a este trabajador,maestro y hacedor de buenas fuentes de consulta.
Aquí comenzamos la nota.
Desde ya muchas gracias estimado Luiz Américo Lisboa Júnior.



-Gostaria que contasse aqui onde você nasceu e qual foi seu primeiro contato com a música brasileira?
R: Nasci em Salvador, na Bahia, em 11 de setembro de 1960. Meus primeiros contatos com a MPB foi através de minha mãe que gostava muito de Maysa, Agostinho dos Santos e Elizete Cardoso.
-Quando começou esse interesse pela pesquisa, nasceu com o colecionador ou nasceram juntas?
R: Sou Historiador por formação, e quando comecei a me interessar mais profundamente por MPB, em 1975 - antes de me formar, portanto - a vocação logo se fez presente e quis saber o que estava por traz daquelas musicas, seus compositores e seus intérpretes, ou seja as suas histórias.
-Seu primeiro livro foi em 1983: “RESUMO DA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA DE 1870 AOS NOSSOS DIAS” como preparou esse tremendo documento, quanto tempo levou?
R: Propus um curso de história da MPB a Escola de Musica da Universidade Católica de Salvador e preparei um texto para servir de orientação e roteiro do curso. Isso foi em outubro de 1983 e este foi o primeiro curso de história da MPB realizado numa instituição de ensino superior na Bahia. Após o curso a diretora da Escola de Musica, Maria Dulce Calmon, irmão do historiador Pedro Calmon, pediu que eu editasse e fez o prefácio.
-Como se faz um livro baseado em pesquisas? Conte pra a gente o que é uma semana na vida de um pesquisador? Que elementos não podem faltar?

R: Primeiro é necessário ser absolutamente fiel aos fatos históricos,  buscando documentos que comprovem os acontecimentos ou temas narrados.  Partituras, livros de modinhas antigos, entrevistas e sua contextualização dos fatos dentro do período histórico da pesquisa, gravações, etc.. A semana de um pesquisador é como outra qualquer, a depender da pesquisa que se vai realizar, o trabalho é incessante e necessária muita disciplina.


-Um dia li numa entrevista de José Ramos Tinhorão onde ele falava que ele utilizava o materialismo histórico pra suas pesquisas. Tinhorão é um pesquisador rejeitado por muitos, o que você acha disto, é pouco valorada a vida do pesquisador no Brasil porque não agrada a todo mundo?
R: O Tinhorão é criticado por alguns, porque não gosta e tem certa má vontade com os movimentos musicais surgidos após a Bossa Nova, ele é um tradicionalista convicto, isso não é necessariamente um defeito. Ele tem também um viés Marxista, que incomoda alguns por sua parcialidade ideológica.  Mas, apesar de tudo é genial e sua obra é de importância fundamental para o estudo da MPB em seus múltiplos aspectos. A vida de pesquisador já está bem melhor do que já foi.
-Tem uma frase que diz que o verdadeiro artista é quem pinta a sua aldeia, você como pesquisador já nos entrega à Bahia musical em cada um de seus livros e de todos esses baianos nobres, se tivesse que fazer uma biografia extensiva qual escolheria?
R: Faria do Xisto Bahia, o maior artista brasileiro da segunda metade do século XIX. Compositor, ator, intérprete, diretor de teatro e autor de peças teatrais, um artista completo. Parte de sua biografia já foi escrita por mim em meu livro, Compositores e intérpretes baianos-de Xisto Bahia a Dorival Caymmi.

-Você teve muitas matérias (artículos) sobre música, suas pesquisas, hoje em dia os jornais lhe dão importância a esse tipo de pesquisa-artigos feito por conhecedores ou é como aqui no meu país que temos muitos escritores “críticos” de música improvisados sem saber muita coisa da historia da música, apenas comentam o disco. O que você acha disso?
R: Hoje em dia aqui no Brasil a crítica é feita em cima do disco e do artista do momento. O conhecimento histórico por parte da crítica é quase nulo, e não se dá importância a isso. Como a MPB atual é muito ruim, as críticas são ruins, nivelam-se na maioria por baixo, para atender um público cada vez mais desinformado.  
-Qual são seus cantores favoritos de todos os tempos e as músicas mais emblemáticas?
R:  Esta é uma pergunta extremamente difícil de responder diante do maravilhoso repertório que a MPB produziu no século XX. Prefiro falar por períodos. Na época de ouro de 1930 a 1945, os cantores preferidos são Orlando Silva, Francisco Alves, Carlos Galhardo e Vicente Celestino. A cantora, Dalva de Oliveira. Na era do rádio de 1945 ate 1958, o cantor é Agostinho dos Santos e a cantora é Elizete Cardoso. Da Bossa Nova em diante a cantora é Elis Regina e o cantor Milton Nascimento. Na minha opinião as canções mais importantes da MPB são, não necessariamente nesta ordem: Luar do sertão, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco; Aquarela do Brasil, de Ary Barroso; Asa branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira; Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro; Chão de estrelas, de Orestes Barbosa e Silvio Caldas; Se todos fossem iguais a você, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes e Travessia, de Milton Nascimento e Fernando Brant.



 -Luiz Américo eu imagino que você como pesquisador, comunicador, escritor nesse caminhar por levar suas pesquisas num livro deve ter batalhado sua boa parte de tempo e dinheiro. Atualmente está fácil ou não editar um livro sobre música brasileira. O mercado atual o permite?
R: Quando comecei o mercado editorial para a pesquisa de MPB era muito difícil, a partir da década de 1990, o tema passou a ser muito explorado, hoje em dia, não há tantas restrições e o mercado absorve bem os livros sobre MPB.
-Qual foi a entrevista mais marcante que você realizou em sua vida?
R: Eu destaco as entrevistas aos sambistas baianos, Batatinha, Ederaldo Gentil, Walmir Lima e Edil Pacheco, pois sempre foram meus amigos e através deles pude resgatar e conhecer mais profundamente as raízes do samba baiano.
-Artistas que morreram tão jovens e deixaram uma obra enorme como Noel Rosa, qual é sua visão deste artista? Porque Noel sempre está presente nos discos dos músicos modernos, qual é a magia?
R: Noel foi genial pela precocidade, foi o primeiro compositor a urbanizar definitivamente a letra do samba. Sua obra é muito boa. A magia fica por conta dos críticos e músicos cariocas que o exaltam, só isso. Mas Noel não é melhor nem pior que Chico Buarque, Ary Barroso, Tom Jobim, Dorival Caymmi etc..
-Dorival Caymmi passou grande parte de sua vida fora da Bahia e mesmo assim tudo o mundo conhece como o cantor da Bahia. Pra mim ele é o Netuno da Bahia o rei do mar que traduz na música o sentimento baiano. E para você que viveu de perto esse talento como definiria a Dorival Caymmi?
R: Caymmi viveu fora da Bahia, como Luiz Gonzaga viveu fora de Pernambuco, porque quando eles começaram a capital política e cultural do país era o Rio de Janeiro, não tinham outra opção. Mas o sentimento de suas raízes e tradições é permanente em suas almas, o espaço geográfico, neste caso, não é importante. Ambos visitavam muito seus estados
 Caymmi juntamente com Jorge Amado e Carybé (pintor argentino radicado na Bahia) formaram o sentido do ser baiano em seu contexto mais amplo, definiram nossa identidade. As gerações que os sucederam, consolidaram a questão da baianidade, que eles já tinham criado no imaginário brasileiro.
-Você já compôs algumas músicas? Se for assim já foram gravadas?
R: Não sou compositor, mas tenho uma musica feita com Ederaldo Gentil, chamada Canto a Kunta Kintê, gravada por um artista do sul da Bahia, chamado Marcelo Ganem. A letra trata do encontro no céu de Kunta Kintê e Zumbi dos Palmares, clamando por liberdade, igualdade e paz na Terra.


-Dentro de seus discos de coleção qual foi o mais difícil de encontrar?
R: Não existe um disco mais difícil, porque sempre vão existir lacunas na discografia. Os mais difíceis são sempre aqueles que ainda não encontrei.
- Na historia da divulgação sonora e histórica e regional da música brasileira houve um selo discográfico levado pelo seu mentor: Marcus Pereira quem deixo a vida por essa paixão. Seu legado é enorme: o que você pode me comentar na sua apreciação sobre esse acervo?
R: Marcus Pereira foi um visionário, fez um dos grandes acervos da MPB do seu tempo. Os discos que produziu são fundamentais para a compreensão da MPB em seus diversos aspectos. O mapeamento musical que fez por regiões do Brasil, não foi igualado até hoje.
-Atualmente eu tenho ouvido muita critica  sobre funk, sertanejo universitário, etc. Eu queria saber se você concorda com muitos que falam que a música brasileira está indo pra baixo ou diretamente a verdadeira música brasileira não encontra mais espaços nobres na mídia e prevalece o outro só porque dá grana às companhias musicais?
R: A MPB hoje em dia está muito ruim, a sua decadência é quase total. A mídia só divulga o que há de pior. O Brasil conseguiu praticamente destruir a nossa canção popular, o que resta dela é feita por heróis que lutam bastante para dar uma sobrevida a nossa canção.
-Do novo que vem tocando na Bahia ou de todo Brasil se você tivesse que me recomendar quem seria?
R: Na Bahia, o artista sul baiano Marcelo Ganem, o sambista Roque Ferreira, a cantora Juliana Ribeiro. No Brasil ouça o Grupo VIola Urbana de Minas Gerais.
-Eu  gostaria que contasse qual é o seu próximo projeto?
R: Estou escrevendo a biografia de Vicente Celestino.
- Luiz Américo o Brasil está passando uns momentos difícil como vários países da América Latina, como você vê o Brasil de hoje?
R: O Brasil hoje está passando a limpo sua historia de impunidade, onde só os mais pobres eram punidos por seus atos. Estamos realizando uma grande reforma moral, colocando na cadeia políticos e empresários corruptos. Ainda falta muita gente pra ser presa, mas estamos no caminho certo, apesar da resistência daqueles que querem deixar tudo como está. Com certeza, acredito que meus netos terão um país melhor, mais saudável, menos corrupto e violento. A luta é dura, diária, mas chegaremos lá, expulsando da vida pública ladrões e políticos demagogos populistas.  
Muito obrigada Luiz Américo Lisboa Júnior por esse contato que permite que muita gente conheça mais a você e poder descobrir seu campo de trabalho e seu aporte amoroso e magistral para o conhecimento e preservação da música baiana e do Brasil.
Muito obrigada!


A sala do pesquisador:  

Facebook: Luiz Américo Lisboa Júnior.

Redacción:Cristina "Crim " Báez, Córdoba -Argentina
Facebook: Crim Báez 
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